Mais de 300 000 portugueses com asma, não têm a doença controlada e necessitam de intervenção
Estima-se (1) que em Portugal a asma tenha uma prevalência de 7%, o que corresponde a aproximadamente 700 mil portugueses com asma ativa.
Nove em cada 10 pessoas com asma consideram a sua doença controlada mesmo que sintomáticos levando, em alguns casos, à agudização da mesma, à necessidade de recorrer ao serviço de urgência, internamentos ou mesmo a um desfecho fatal.
De acordo com os dados do Inquérito Nacional de Controlo da Asma de 2010 e que continuam a ser os mais recentes nesta área, em Portugal são cerca de 700 mil as pessoas com asma, uma doença que afeta todas as idades e géneros. No nosso país, a asma é uma doença subdiagnosticada, com controlo ainda insuficiente e taxas de internamento importantes sobretudo na faixa etária das crianças, sendo que morrem mais de 100 pessoas por ano, por asma, em Portugal.
A asma é uma doença respiratória crónica frequente, que pode ser potencialmente grave. “Apesar de não existir uma cura, esta doença pode ser controlada, com um acompanhamento e tratamento adequados, permitindo que a pessoa com asma tenha uma boa qualidade de vida e reduzindo muito todas as restrições que a asma não controlada implica”, salienta a Profª. Helena Pité, médica e especialista em Imunoalergologia no Hospital CUF Tejo e no Hospital CUF Descobertas.
No entender da especilista, na origem da “asma não controlada” podem estar alguns fatores como o “desconhecimento ou existência de alguns mitos em torno desta doença e do seu tratamento, a necessidade de fazer medicação diária preventiva e a consequente falta de adesão ao tratamento” ou também “dificuldades na administração dos tratamentos, por exemplo, no uso adequado dos inaladores”. O tratamento para a asma assenta no uso de dispositivos para inalação de medicamentos, “que permitem uma ação local, com muito maior eficácia e tolerabilidade dos fármacos utilizados”.
Destaca ainda que “É necessário aumentar a consciencialização das pessoas com asma, dos seus familiares, amigos e mesmo de toda a comunidade para a problemática da doença, para a sua natureza crónica e para a importância de reconhecer as queixas típicas, independentemente da idade, e de cumprir o tratamento preventivo”.
A utilização excessiva1 de medicamentos de alívio rápido (broncodilatadores de curta ação) é um dos principais desafios apontados pelos especialistas desta área, que têm concentrado esforços para informar e sensibilizar a população para o tratamento adequado da asma. “Estes medicamentos de curta ação dão alívio rápido dos sintomas, das queixas de tosse, pieira, pressão no peito ou falta de ar, mas não tratam a inflamação que está na origem dos sintomas. Assim, a inflamação não é debelada, o que faz com que o problema persista e piore, com risco de ocorrer uma crise de asma, que pode ser grave. É preciso reduzir o uso dos medicamentos de alívio e aumentar o uso de medicamentos preventivos, os quais são verdadeiramente capazes de controlar a asma, reduzindo os sintomas, as limitações e as restrições na qualidade de vida das pessoas com asma, a necessidade de mais medicamentos, as crises de asma e as complicações da doença.”
O objetivo desta data é sensibilizar a população para a necessidade de conhecer a asma e as suas complicações, procurando melhorar o diagnóstico, a adesão ao tratamento e a evolução da doença.
Os principais sintomas da asma são a tosse, a pieira ou chiadeira no peito (ruído que se ouve ao respirar(2) , como se fosse um “miado” de um gato) e a sensação de aperto no peito ou falta de ar. As infeções respiratórias, as alergias e os fatores irritantes para as vias respiratórias, incluindo a poluição e o fumo de tabaco, podem desencadear sintomas ou mesmo crises de asma. “Não podemos esquecer que muitas pessoas com asma têm sintomas provocados pelo exercício físico. Apesar disso, a solução não passa por reduzir a atividade física, mas antes por controlar os sintomas com um tratamento que permita a sua prevenção, de forma que todas as pessoas com asma possam tirar benefício da prática de exercício físico regular, sem sintomas da doença.”
O primeiro Dia Mundial da Asma, foi celebrado em 1998, em mais de 35 países em conjunto com o primeiro Encontro Mundial da Asma realizado em Barcelona, Espanha. A participação aumentou a cada Dia Mundial da Asma celebrado desde então, e o dia tornou-se um dos mais importantes eventos de consciencialização e educação sobre asma no mundo.
1 Dados Inquérito Nacional de Controlo da Asma
2 Dados Sociedade Portuguesa de Pneumologia
Este artigo foi-nos enviados pela IPSIS