Ponte Maria Pia está encerrada há 30 anos e não há planos para reabrir

A data redonda foi atingida no dia 24 de junho, já passaram trinta anos desde que a Ponte Maria Pia sobre o Rio Douro deixou de funcionar, tendo sido substituída como passagem para comboios pela ponte de São João. Três décadas depois, a obra projetada por Gustave Eiffel ainda continua sem ver aprovado um plano que lhe dê uma nova utilização.

Tanto a câmara municipal de Vila Nova de Gaia como a do Porto, que chegaram a apresentar propostas nesse sentido, não comentam a demora, limitando-se a remeter esclarecimentos para a Infraestruturas de Portugal, que é a dona da ponte. Em resposta enviada à TSF, a empresa do Estado diz que não está “programada nenhuma grande intervenção” na obra, ressalvando que “os principais elementos que constituem a ponte” estão salvaguardados, uma vez que têm sido feitos trabalhos de manutenção nos últimos 30 anos.

António Adão da Fonseca considera que a infraestrutura não se encontra em tão mau estado, “está mais abandonada do que degradada”. No entanto, o engenheiro responsável pela construção da Ponte Infante D. Henrique – a última ligação feita sobre o rio Douro que liga o Porto a Vila Nova de Gaia – ressalva que a obra com quase 150 anos constitui alguns perigos.

“O que está mau mesmo é o tabuleiro, que não é uma superfície, tem uma série de travessas de madeira que eram do caminho de ferro, muitas estão fora de sítio, o que torna a travessia muito perigosa”, alerta António Adão da Fonseca.

Inaugurada em 1877, as debilidades da ponte inaugurada pelo rei D. Luís I não são recentes. O engenheiro civil ainda guarda algumas fotografias da ponte a ser atravessada por um comboio puxado por uma máquina a vapor, época em que já existiam “receios que algum rebite saltasse, o que levava a que muita gente não tivesse coragem de atravessar a ponte”.

António Adão da Fonseca lamenta que a obra que tem o maior arco em ferro do mundo, com 160 metros, esteja ainda encerrada. Chegaram a existir planos, por parte dos dois municípios envolventes, para criar uma via ciclável e pedonal, algo que vai de encontro às ideias do projetista da Ponte Infante D. Henrique.

No entanto, António Adão da Fonseca “preferia ver a ponte utilizada para circular um pequeno veículo, que não tem de ser igual ao metro e que viria das Devesas até Campanhã”.

Um projeto que pode sair do papel, já que o engenheiro civil diz que se sente “obrigado por dever cívico” a participar num eventual concurso para revitalizar a Ponte Maria Pia.

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