O primeiro-ministro revelou esta terça-feira que há um “consenso muito generalizado perante o que são os números verificados” (da pandemia) e que as novas medidas serão pensadas no “horizonte de um mês”, com um “perfil semelhante” às de março e abril.
Esta posição foi assumida por António Costa no final de mais uma reunião destinada a analisar a evolução da situação epidemiológica em Portugal, no Infarmed, em Lisboa, na qual o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participou por videoconferência.
MEDIDAS COM “HORIZONTE DE UM MÊS”
O primeiro-ministro declarou que na reunião com os epidemiologistas permitiu que concluir que “houve um grande consenso” sobre a trajetória de crescimento de novos casos de infeção do novo coronavírus e que “as medidas devem ter um horizonte de um mês”.
“Estamos perante uma dinâmica de fortíssimo crescimento de novos casos que é necessário travar”, salientou António Costa, já depois de ter definido a reunião com os epidemologistas, que durou cerca de 4 horas, “como muito viva e interessante”.
“Perante a tendência que é manifesta de crescimento da pandemia, é essencial adotarmos medidas. Essas medidas devem ter um horizonte de um mês e com um perfil muito semelhante àquele que adotámos logo no início da pandemia, ou seja, no período de março e abril”, frisou o líder do Executivo.
Durante a reunião, segundo o primeiro-ministro houve “um grande tema de divergência entre os diferentes especialistas e que se relacionou com o funcionamento das escolas, o que exigirá agora a devida ponderação por parte do Presidente da República, do Parlamento e do Governo”.
“Mas também requer o diálogo com outras instituições, como a Confederação Nacional de Associações de Pais, a Associação dos Diretores Escolares, entre outras. Está obviamente fora de causa interromper a atividades de avaliação que se encontram em curso no Ensino Superior”, começou por salientar António Costa.
De acordo com o primeiro-ministro, na reunião, “todos os especialistas foram convergentes de que, até aos 12 anos, nada justifica o encerramento das escolas, mas a dúvida está na faixa intermédia. Aí, as divergências entre os próprios especialistas foram muito grandes”.
“Naturalmente, a ponderação política terá de ter em conta também outros fatores e igualmente outros atores”, disse.
ALIGEIRAMENTO DE MEDIDAS CASO OS NÚMEROS DIMINUAM
No que toca às novas medidas, o primeiro-ministro explicou que as mais restritivas deverão vigorar durante um mês e serão anunciadas o mais rapidamente possível.
“Se as coisas correrem bem, pode ser que na segunda quinzena seja aligeirado mas, caso contrário, teremos de adotar medidas ainda mais rigorosas”, avisou Costa.
António Costa explicou que procura tomar medidas tendo em conta a realidade e sabe que no Natal houve menos testes. Assim, o primeiro-ministro justifica um confinamento geral de um mês com o facto de que as medidas demoram duas a três semanas a produzir efeitos.
Perante os jornalistas, o primeiro-ministro considerou que se revelaram insuficientes as medidas de confinamento ao fim de semana até agora adotadas, mas que “permitiram controlar a segunda vaga”.
“Neste momento, temos de ir mais além”, acrescentou o primeiro-ministro.
PS APOIA CONFINAMENTO E ADMITE ATRASOS NA DISTRIBUIÇÃO DE COMPUTADORES NAS ESCOLAS
O PS defendeu medidas “mais restritivas de confinamento” para responder à pandemia de covid-19, face à subida do número de contágios, e relativizou o atraso na distribuição de computadores nas escolas.
“Não há dúvidas da necessidade de se adotarem medidas mais restritivas de confinamento”, depois da subida dos números de infetados com o novo coronavirus e de mortos em Portugal nas últimas semanas.
José Luís Carneiro destacou que não há consenso, entre os especialistas, quanto à necessidade de interromper as aulas presenciais nas escolas e defendeu que todos os fatores “têm que ser muito ponderados para garantir o equilíbrio para uma boa decisão” da parte do Governo.
Questionado sobre o atraso na distribuição de computadores e material informático para ajudar nas aulas à distância, o dirigente do PS disse que já foram distribuídos 100 mil equipamentos pelas escolas e explicou o atraso com “o mercado”, que “não tem conseguido dar resposta suficiente à procura”.
O dirigente e deputado socialista considerou ainda serem necessárias medidas de apoio às pessoas e à economia, face a um novo confinamento geral, que deverá ser anunciado na quarta-feira, a par da renovação do estado de emergência.
