Médicos de família e ministra da Saúde continuam longe de um acordo

Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), afirmou à Lusa que continua longe um acordo com a ministra da Saúde, mantendo-se a intenção do Governo de contratar médicos sem especialidade para centros de saúde.

Esta posição foi levada por Nuno Jacinto após ter sido recebido por Marta Temido no Ministério da Saúde, local onde a sua associação promoveu um protesto contra a medida do Orçamento do Estado para 2022. À mesma fonte, referiu que “A ministra da Saúde referiu que estes médicos sem especialidade não poderão ter em seu nome próprio as listas de utentes, mas não clarificou aquilo que estes colegas vão fazer para os centros de saúde, sobretudo quando estiverem em locais isolados, muitas vezes sozinhos e em condições muito complicadas”.

Para Nuno Jacinto, “continua-se sem perceberem qual será efetivamente o papel destes colegas […] continua-se sem perceber como é que eles não vão substituir os médicos de família enquanto tal e continua-se sem se perceber como será possível reter mais especialistas e captar mais especialistas em medicina geral e familiar”.

Questionado se, em algum momento, a ministra da Saúde admitiu não aplicar a norma do Orçamento do Estado para 2022 que permite a contratação de médicos sem especialidade para funções em centros de saúde, o presidente da APMGF afirmou que essa perspetiva não foi assumida pelo Governo. “Do nosso ponto de vista, o esclarecimento que existe é curto. Isto não se resume só a um diferente entendimento em relação ao Orçamento do Estado para 2022, mas é uma questão de fundo relacionada com a existência de especialistas de medicina geral e familiar nos centros de saúde e o precedente perigoso que se pretende abrir. A curto e médio prazos pode levar a que tenhamos cada vez mais médicos não especialistas nos centros de saúde a fazerem múltiplas tarefas que o Governo não especificou”, decretou.

Depois de uma reunião sem acordo com a ministra da Saúde, Nuno Jacinto garantiu que os membros da sua associação vão continuar a protestar. “Temos audiências pedidas com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com os partidos, algumas já marcadas. Continuaremos a mostrar qual o nosso papel e importância até que em definitivo seja reconhecido e garantido de que só os verdadeiros médicos família é que estarão a fazer o seguimento dos utentes em Portugal”, rematou.

marta temido