Divulgado na sexta-feira passada, dia 16 de julho, o estudo “Desemprego e Precariedade Laboral na População Jovem: Tendências Recentes em Portugal e na Europa” é assinado por Inês Tavares, Ana Filipa Cândido e Renato Miguel do Carmo.
Estes investigadores do CIES, estrutura do ISCTE apontaram que “em 2020, na Europa e em Portugal, verificou-se um aumento do desemprego jovem, relativamente a 2019, mais 1,7 pontos percentuais (pp) e 4,3 pp, respetivamente”. Sobre Portugal, detalharam que a taxa de desemprego para os jovens com menos de 25 anos era de 22,6%, mais 5,8 pp que a média da União Europeia e 15,7 pp que a nacional.
Mas este aumento verificou-se, também, em termos absolutos, algo que não acontecia desde 2013 em relação ao grupo com menos de 25 anos e desde 2012 no grupo etário 25-34 anos.
Resumidamente, o desemprego jovem aumentou, e aumentou acima do que se verificou nos outros grupos etários, o que se traduziu no agravamento do seu peso relativo, tendência que, aliás, já se verificava desde 2018.
Para mais, “em 2020 constata-se uma inversão da tendência de decréscimo do desemprego”, que se verificava nos últimos anos, apontaram.
Da mesma forma, a percentagem de jovens que não estuda nem trabalha, que estava em queda desde 2013, inverteu a tendência e aumentou em 2020.
Por outo lado, o grupo entre os 15 e os 24 anos foi o mais afetado no trabalho temporário, com a maior parte dos Estados membros da UE a registar uma diminuição da proporção de jovens nesta situação, em 2019 e 2020. Em Portugal, a baixa foi de 10 pp, para 56%. Só Espanha (69%) e Itália (59%) tinham números superiores.
O grupo 15-24 anos é aquele que tem uma incidência do trabalho a tempo parcial mais elevada, quando comparado com os outros, com cerca de 20%. Inês Tavares, Ana Filipa Cândido e Renato Miguel do Carmo realçaram ainda que “os jovens que se encontram nestas situações (trabalho a tempo parcial) involuntariamente aumentaram”, em termos percentuais.
Vincaram ainda que “Portugal é o quinto país com os maiores níveis de trabalho temporário involuntário entre os jovens e o sétimo com mais jovens a trabalhar em ‘part-time’ por falta de alternativas”.
Por fim, os investigadores do CIES destacaram que, nos países da UE, “tendencialmente, as mulheres jovens têm proporcionalmente mais contratos temporários e trabalham mais em ‘part-time’ que os homens”.
O estudo foi disponibilizado no sítio do Observatório das Desigualdades.