A postura adotada pelo arguido perante um coletivo de juízes do tribunal de Vila Nova de Gaia, Comarca do Porto, diverge da adotada em fase de instrução, altura em que se declarou inocente.
O Ministério Público (MP) responsabiliza o empresário pela morte de um vigilante após agressão com um objeto cortante na sua residência, que acabou incendiada. Na sequência do incêndio na habitação, o corpo ficou totalmente queimado, mas “o mais provável é que já estivesse cadáver antes”, disse ao tribunal a perita de Medicina Legal que supervisionou a autópsia.
Em testemunho por videoconferência, a perita referiu também que a autópsia revelou uma infiltração sanguínea na cervical, “indício de algum traumatismo”.
Ainda assim, não excluiu que um cancro no fígado possa ter estado na origem da morte. “É uma hipótese” e “não é de excluir a morte por doença”, declarou.
Em exposição introdutória ao tribunal, a defesa previu que o MP será incapaz de provar a causa de morte, tendo em conta o que refere o relatório de autópsia.
O caso agora levado à barra judicial, ocorreu na madrugada de 02 de junho de 2019, em Arcozelo, Vila Nova de Gaia, cerca de dois meses e meio após o outro homicídio imputado ao empresário e pelo qual já foi condenado a 24 anos de prisão.
Neste outro caso, ocorrido em Serzedo, também no concelho de Vila Nova de Gaia, no dia 17 de agosto de 2019, a vítima foi um homem de 35 anos.
Ficou provado perante um tribunal de júri que o empresário, conluiado com o filho – este condenado a 10 anos de prisão -, atraiu a vítima a uma área isolada, agredindo-o mortalmente e queimando o corpo.
Segundo a Polícia Judiciária, que investigou os casos, ambos os crimes tiveram alguma associação à paixão que o arguido, de 54 anos, mantinha por uma mulher de 34 anos.