Governo tem nota positiva na gestão da pandemia

A gestão da pandemia de covid-19, ao longo dos últimos dez meses, tem um saldo claramente positivo para o governo: 48% dos portugueses dão-lhe boa nota e apenas 19% fazem uma avaliação claramente negativa, de acordo com o barómetro da Aximage para o JN, o DN e a TSF. O entusiasmo é maior entre os cidadãos mais velhos e as mulheres; o descontentamento destaca-se entre os homens e os habitantes da região Norte, a mais atingida pela doença.

Para o governo, este foi um ano cheio de más notícias e de decisões sempre contestadas (pelo excesso de zelo, ou falta dele): do confinamento geral e das escolas fechadas a partir de março ao recolher obrigatório de novembro e dezembro, passando por uma crise económica e social de dimensões nunca experimentadas e sem fim à vista. Ainda assim, se há fatura política para pagar, ainda não terá chegado. Com o ano de 2020 no fim, são muitos mais os que estão satisfeitos do que os que estão descontentes com a gestão que o governo fez da pandemia.

São os portugueses de menores rendimentos os mais satisfeitos com a gestão da pandemia ao longo destes dez meses: 54% dão nota positiva ao governo.

Essa satisfação é particularmente visível entre os cidadãos mais velhos (65 e mais anos), precisamente o grupo mais vulnerável: 63% dizem que o governo tem estado “bem” ou “muito bem”. Nos restantes três escalões etários que compõem a amostra, o único desvio assinalável refere-se aos que têm 35 a 49 anos, mas porque optam por se refugiar no “assim-assim” (45%).

Há uma evidente diferença de género na avaliação, com as mulheres a mostrarem-se mais compreensivas com o governo: 52% dão nota positiva (mais nove pontos percentuais do que os homens). Ao contrário, as avaliações negativas têm um pendor masculino (24% dão nota negativa à gestão da pandemia).

Norte mais descontente

Quando a análise aos diferentes segmentos se centra na geografia, a maior dessintonia está a norte, de longe a região mais atingida pela pandemia (soma mais de 200 mil casos e mais de três mil mortos). O saldo continua a ser positivo para o governo, mas por escassos 11 pontos: apenas 36% dão nota positiva (o valor mais baixo entre as diferentes regiões), enquanto 25% dizem que o governo esteve “mal” ou “muito mal” durante os últimos dez meses (o valor mais elevado ao nível regional).

Mais previsível é a tradicional fronteira partidária: o apoio à gestão da pandemia pelo governo bate recordes entre os socialistas (84%), mas atrai também percentagens significativas de eleitores dos dois parceiros à esquerda (CDU e BE) e do PAN. À direita, o caldo vai gradualmente entornando: os que votam no PSD são bastante mais críticos do que a esquerda, mas o saldo só é negativo para o governo entre a nova direita radical (Chega) e liberal (IL).

Maioria a favor das restrições no Ano Novo

Uma grande maioria dos portugueses concorda com as restrições que entram em vigor à meia-noite desta quarta-feira. O fecho de fronteiras entre concelhos durante cinco dias, a proibição das festas de passagem
de ano ou a imposição do recolher obrigatório (a partir das 23.00 no dia 31 e a partir das 13.00 nos dias 1, 2 e 3) são medidas consideradas “adequadas” por 59% dos inquiridos. No entanto, um em cada quatro inquiridos acham que se devia ter ido mais longe. Apenas 15% consideram as limitações “excessivas”.

A adequação das medidas restritivas para o fim de semana da passagem de ano é transversal a todos os segmentos partidários, com destaque para os eleitores do PAN. Vale a pena notar o descontentamento por parte de comunistas, por um lado, e de radicais e liberais de direita, por outro (cerca de um terço dos eleitores destes partidos acham que é excessivo).

A ampla maioria a favor das restrições para o Ano Novo, desfaz-se quando o que está em causa é a relativa moderação do governo no Natal (os inquéritos deste barómetro foram recolhidos ainda antes das festas natalícias): 47% entendem que as medidas foram “adequadas”, mas 41% acham que são “insuficientes” (no caso do Ano Novo são 25%).


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