O frio não travou a troca de prendas de Natal na Baixa do Porto. De sacos na mão e casacos abotoados, este domingo, houve quem aproveitasse a manhã para as habituais trocas de prendas de Natal. Ainda assim, o fluxo de clientes é menor quando comparado com anos anteriores. Prova disso eram as raras filas à porta das lojas. Algumas, nem chegaram a abrir.
“Não tem estado tanta afluência. Isso mostra que não houve tantas pessoas a fazerem compras como costumam fazer. Compreende-se que, com esta situação [de pandemia], as pessoas estão apreensivas, há muito desemprego”, contou ao JN Conceição Faria, funcionária numa sapataria da Rua de Santa Catarina, no Porto, mostrando-se otimista com o retomar do negócio do próximo ano.
A trabalhar na mesma rua, Leonor Moreira também admite uma quebra no negócio. Em parte, devido à diminuição do turismo. Na manhã deste domingo, juntou-se a uma amiga para comprar algumas prendas com o dinheiro recebido pelo Natal. “Escolhemos Santa Catarina porque é uma rua a céu aberto e não tem assim tantas pessoas. O meu namorado trabalha num centro comercial e diz-me que lá tem sido um pandemónio. Aqui é muito mais seguro”, referiu a jovem de Gondomar, que este ano teve menos gente à mesa da consoada.
“Preocupa-nos a saúde dos nossos avós e não quisemos correr riscos. A nossa ceia foi um bocadinho mais triste”, recordou Leonor Moreira.
A escassos metros, Arnaldo Costa aguardava pela mulher e pela filha à porta de uma loja. Em ano de pandemia, para trocar duas prendas, escolheram Santa Catarina ao invés do centro comercial. “Como as lojas onde compramos os artigos também existem na rua de Santa Catarina evitamos o centro comercial. Até tem menos gente do que estava à espera. Aproveitamos e desfrutamos também do ar livre num ambiente calmo”, disse Arnaldo Costa, residente em Gaia.
Ao lado passava Sandra Fernandes acompanhada pela filha Beatriz Rios, de 16 anos. Aliás, foi por causa da jovem que mãe e filha se estrearam nas trocas pós Natal. “Ela estava muito expectante para trocar umas calças. Além disso, as minhas compras foram feitas essencialmente no comércio tradicional”, contou Sandra Fernandes.
Na rua de Santa Catarina ou na rua de Cedofeita, as trocas fizeram-se ao som da música cantada e tocada pelos artistas de rua. A vender castanhas assadas, Celeste Viana testemunha o movimento. No que toca ao seu negócio, a castanha tem-se vendido bem.
“Ontem [sábado], a rua de Santa Catarina teve muita gente todo o dia. Hoje [domingo] está mais fraquinho. É o frio”, notou Celeste Viana.