O envolvimento e a participação dos cidadãos num projeto como o que está a ser desenvolvido em Vila Nova de Gaia passa, inevitavelmente, pela capacidade que o Município deve ter para promover a participação cívica. As sessões do projeto «Gaia Somos Todos» são disso mesmo exemplo. O executivo esteve já, em vários momentos, em todas as freguesias, a dinamizar presidências abertas, apresentando e discutindo o exercício autárquico. Paralelamente, os fóruns temáticos criados pelo Município foram sempre muito participados. Pretende-se continuar a auscultar os interesses e as necessidades da população e o «Gaia Somos Todos» irá reunir as reflexões e os contributos recolhidos para a elaboração de um plano de ação no qual se basearão a atuação municipal e os investimentos futuros.
Eduardo Vítor Rodrigues teve a seu lado Hermenegilda Cunha, responsável pelo departamento de administração geral da Câmara Municipal de Gaia, a partir de um espaço simbólico para o debate destes temas – participação e cidadania: o edifício do PraÇa – Atendimento Municipal. “Este é um momento com todos e de participação de todos, através dos meios tradicionais, mais tecnológicos, meios mais inovadores (como mensagens das redes sociais). Lanço, assim, o desafio para, que além de tudo o que falamos aqui, vejam estas sessões como uma oportunidade para dar contributos”, avançou Eduardo Vítor Rodrigues, que está apostado em usar as novas tecnologias para estar mais integrado em rede e ter, localmente, mais serviços de proximidade ao cidadão, reforçando a qualidade dos mesmos, de forma atempada, digna e descentralizada.
“Cada um deve assumir a responsabilidade de cidadão. Isto passa por olhar para a nossa freguesia e ver em que é que podemos contribuir e isto não passa apenas pelos jovens. O elemento de identidade é importante para percebermos que fazemos todos parte da mesma cidade”, afirmou, falando um pouco dos desafios do futuro, entre os quais está a digitalização dos serviços públicos (usar cada vez menos o papel para facilitar a vida aos cidadãos).
Sentir-se como parte do território é importante para o reforço da cidadania. “Este pode ser o ponto de partida para uma discussão que pretende fazer de Gaia uma cidade sustentável, inteligente nas suas opções e forte na sua capacidade de resposta”, referiu o autarca, passando a palavra a Hermenegilda Cunha para falar dos compromissos que a Câmara tem com cada um dos cidadãos, no âmbito do atendimento municipal. “Estamos neste espaço desde março de 2019, partilhamos com as Águas de Gaia e Gaiurb. São serviços concentrados no mesmo espaço no sentido de permitir ao cidadão que se desloque apenas a um sítio e resolva os seus problemas. Temos um espaço do cidadão aqui e outros deslocalizados nas freguesias, para que as pessoas resolvam as suas questões com proximidade”, começou por explicar a responsável. Além do atendimento presencial, a autarquia tem todos os canais disponíveis para o atendimento ao munícipe. Desde o digital (fortemente reforçado neste período de pandemia) ao telefónico (estando, neste momento, em curso um processo de implementação de atendimento telefónico para satisfazer de forma mais rápida e eficaz as necessidades dos munícipes).
Vera Santos, uma das vencedoras do GOP+Jovem 2020 com o projeto social STOP Bullying, foi uma das intervenientes nesta sessão. “A par do meu projeto social, tive a oportunidade de contactar com muitos outros projetos de áreas à primeira vista distintas, mas verdadeiramente complementares”, assinalou, desde logo. Para a jovem, o investimento neste tipo de iniciativas é fundamental uma vez que permite que jovens, a partir dos 13 anos, possam ter o direito de participar nas políticas públicas da sua cidade. “No entanto, e como os direitos e os deveres devem andar sempre de mãos dadas, mais do que atribuir direitos, este programa (GOP+Jovem) também atribui deveres aos cidadãos. O dever de conseguir construir uma sociedade justa e ativa”, afirmou. O mote deste projeto “Sonha Grande” é, para Vera Santos, a alavanca necessária para que estes jovens sonhadores e empreendedores levem a cabo os seus objetivos “em prol do bem da sociedade”.
Francisca Ferreira, uma das muitas jovens que vestem a camisola do voluntariado por Gaia, também fez questão de deixar o seu testemunho, nomeadamente no trabalho que desenvolveu de teleassistência aos idosos do concelho.
“Recebemos uma resposta muito positiva. Muitos idosos ficavam contentes apenas por naquele momento estarem a falar com alguém, com uma voz jovem e gentil. Além das necessidades alimentares e de saúde, muitos sentiam-se isolados, sendo que uma simples conversa já lhes proporcionava um sentimento de conforto”, explicou a jovem. Francisca também fez parte da equipa de voluntários que distribuiu máscaras pelo concelho. “Esta atividade deu-me a oportunidade de retribuir e interagir com a comunidade sénior do concelho e, simultaneamente, adquirir competências e responsabilidade social”, concluiu.
“Se se inspiraram nestes testemunhos, a Casa da Juventude está aberta. Façam parte deste projeto maior que é a candidatura de Gaia a Capital Europeia da Juventude em 2024”, apelou Eduardo Vítor Rodrigues.
Qual tem sido a importância dos jovens durante a pandemia e no contacto com idosos mais isolados do concelho? Eduardo Vítor Rodrigues respondeu: “aquilo que a Francisca disse responde a esta pergunta. Tínhamos várias áreas de intervenção, desde levar alimentação a idosos, a pessoas com pouca mobilidade ou pessoas em confinamento. Foram medidas com muito sucesso graças a dezenas de jovens que nos acompanharam neste trabalho. Realço que tivemos muitos jovens que assumiram o risco de vir para a rua para fazer campanhas de sensibilização para nos sentirmos todos imbuídos deste espírito. Importa, ainda, dizer que pela Europa e em vários países avançados, a contratação de pessoas por grandes empresas é feita com recurso a análise de competências que se adquirem fora da escola, fora do currículo formal e que se conquistam em atividades como movimento associativo ou voluntariado. A importância dos jovens ao longo deste processo tem sido crucial, mas acredito que eles também têm saído muito enriquecidos”.
O Orçamento Participativo é para continuar? “É um projeto que tenta inovar, ano após ano. É para continuar, sem dúvida, e para 2021 conta já com dotação orçamental superior em mais de um terço do dinheiro disponível”, respondeu o presidente.
Foram ainda respondidas questões relacionadas com o projeto «Meu Bairro, Minha Rua», uma oportunidade de delimitar Gaia em micro espaços, coesos, e muito concretos, onde se pretende intervir de uma forma muito concreta, com base no trabalho local com os cidadãos. O canal «Presidente Direto» foi também definido como uma ferramenta importante. “É uma equipa importante que dá resposta rápida aos cidadãos. É verdade que nem sempre conseguimos que um pedido tenha imediatamente uma resposta, uma vez que implica uma burocracia mais pesada, mas é o nosso canal de contacto mais imediato com o cidadão”. Não há presidente direto que substitua a presença direta do Presidente, assumiu Eduardo Vítor Rodrigues, mas, “quando isso não é possível, usem os nossos canais”, concluiu.
A próxima sessão realizar-se-á a 9 de dezembro, a partir das 17 horas, com transmissão em direto através do Facebook e do site da Câmara Municipal de Gaia. A sessão será dedicada à ‘Educação’.
