O fim do isolamento obrigatório para infetados com Covid-19 que o governo britânico anunciou esta quarta-feira, dia 9 de fevereiro, poderá ser aplicado também em Portugal já no mês de março, segundo adiantaram à CNN Portugal vários especialistas.
Nessa altura, acredita Gustavo Carona, médico internista, que as pessoas infetadas já não terão de ficar em casa os sete dias como aontece atualmente: “O início da primavera será o timing certo para acabarmos com o isolamento de quem teste positivo à covid-19”.
A diretora-geral da Saúde, já assumiu que o fim do isolamento obrigatório pode, em breve, ser aplicado aos doentes assintomáticos. Mas, segundo o pneumologista Filipe Froes a medida rapidamente se alastrará a todos os outros com a quebra de novos casos, da ocupação de camas de Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e de mortes. “O que faz sentido é que os doentes comecem a ser avaliados com critérios clínicos, como as outras situações”, diz o especialista, recordando que há problemas de saúde que obrigam a ter baixa médica e outros vigilância.
Gustavo Tato Borges, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, assume que também aponta para o período entre o final de fevereiro e meio de março como altura para colocar em prática esta mudança nas regras de isolamento de infetados com covid-19.
Até lá, e segundo os especialistas, a DGS deverá rever algumas medidas, podendo até, sublinha Filipe Froes, e antes de acabar com o isolamento obrigatório, lançar uma fase intermédia de isolamento de cinco dias. Aliás, Gustavo Carona recorda que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, organismo norte-americano, tem vindo sistematicamente a diminuir o tempo recomendado de isolamento. Neste momento a recomendação é de cinco dias, mais dois do que em Portugal.
A DGS está, neste momento, a avaliar as medidas a adotar nos próximos tempos e a estudar o alívio de restrições. Até porque, de acordo com os peritos que analisam os comportamentos das ondas pandémicas, o pico já passou
Gustavo Carona lembra, porém, que, quando deixar de existir o isolamento obrigatório em Portugal, cada pessoa terá de se responsabilizar pelo seu “contributo para com a saúde pública”. Isto inclui, por exemplo, maior cuidado com o uso da máscara e com o distanciamento social em ambientes com pessoas mais vulneráveis e em visitas a hospitais.
Outro sinal de que as autoridades de saúde estão a preparar o fim da abordagem da covid-19 como uma doença mais grave e que obriga a isolamentos obrigatórios é o fato de estar a ser trabalhada a sua inclusão num sistema de vigilância onde se encontra a gripe.
Segundo adiantou à CNN Portugal Gustavo Tato Borges também “durante a primavera é expectável deixarmos de ter o boletim diário de avaliação epidemiológica” e começarmos a analisar o impacto da covid-19 através de uma vigilância por amostragem e por dados estatísticos.