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Equipamento robótico ajuda a ‘pilotar’ camas no hospital de Gaia

O pedido foi feito pelo Serviço de Saúde Ocupacional do CHVNG/E, conforme descreveu à Lusa o diretor do Serviço de Equipamentos e Telemedicina, Cassien Croise, porque os assistentes operacionais responsáveis pelo transporte de doentes entre pisos e corredores apresentavam queixas de tendinites.

“E tendinites levam a baixas e as baixas deixam pessoal, que é precioso, em casa. Com estas máquinas, o serviço e os recursos foram otimizados com mais conforto para doentes e profissionais, e isso é mais importante do que a poupança efetiva”, descreveu Cassien Croise.

Na prática, o equipamento a que o responsável se refere é uma máquina que, acoplada às camas que circulam entre serviços, evita que os chamados “maqueiros” dos hospitais tenham de empurrar o doente com força de braços.

O CHVNG/E adquiriu já três, tem uma em funcionamento e duas a caminho, e Carlos Oliveira, assistente operacional há duas décadas neste hospital, é o “piloto” responsável pelas máquinas que respondem através de um ‘joystick’ semelhante ao que o filho de oito anos tem em casa para os jogos de computador.

Graças a este equipamento, ao fim de sete horas de trabalho — que é quanto tem cada turno — Carlos já não sente o mesmo cansaço nos braços e nos joelhos e o tempo que demora a conduzir um doente também reduziu, contou à Lusa.

“O esforço passou a ser praticamente zero. Antigamente as camas eram conduzidas à mão com força de braços. Depois de abrirmos os garfos [espécie de ganchos que se ligam às rodas traseiras], engatamos e é só manusear o joystick. A única dificuldade é a adaptação à sensibilidade do acelerador e do joystick, mas isso é como um carro: a embraiagem pega mais em baixo ou mais em cima. Depois de nos habituarmos, não tem dificuldade”, descreveu.

Carlos Oliveira “conduz” esta espécie de camas robotizadas há “cerca de três semanas ou um mês”. Já ganhou mais de um quilo, algo que não o preocupa, sobretudo porque ouve os doentes “satisfeitos pela estabilidade que o equipamento traz e porque o tempo de viagem foi encurtado”.

“Do internamento do pavilhão satélite para o Serviço de Cardiologia antes demorava 15 minutos no mínimo. Agora são oito ou dez”, exemplificou.

A este ganho de tempo, fundamental para quem está a fazer tratamentos ou é conduzido a uma cirurgia, soma-se o ganho com pessoal, uma vez que “conduzir” uma cama à mão carece de dois assistentes, mas esta máquina só necessita de um “piloto”.

“O atendimento ao doente tornou-se muito mais rápido. Havia pessoas que, lamentavelmente por falta de funcionários, ficavam horas à espera de um maqueiro para fazer o transporte de serviço para serviço. Fez-se uma reorganização e atualmente os tempos de espera são menores”, descreveu Cassien Croise.

O diretor mostrou à Lusa as inclinações de um hospital onde as rampas servem para unir edifícios, algo que à primeira vista facilitou o transporte de doentes que deixaram de circular, de serviço em serviço, em ambulância dentro do próprio recinto hospitalar, mas se traduz numa “dor de cabeça” para quem precisa de empurrar camas de 150 quilos e mais de dois metros de comprimento.

Aos desníveis, somam-se os corredores longos, alguns deles, os das partes mais antigas do hospital, com curvas e contracurvas e largura que não permitem que uma maca dê a volta.

“O Hospital de Gaia é muito grande na horizontal e menos na vertical [tem três andares]. Há corredores que não fazem uma linha reta. Os arquitetos não privilegiam muito os espaços verticais e não gostam de monotonia, mas quem empurra camas não gosta de curvas e prefere elevadores”, apontou o responsável.

Com mais de oito horas de autonomia, recarregável, e ao preço de 10 mil euros cada, a máquina que é acoplada às camas foi adaptada à realidade do CHVNG/E, mas só passou no teste ao segundo ensaio.

Cassien Croise — um francês que vive em Portugal há mais 20 anos depois de ter conquistado em França uma portuguesa que lá fazia ERASMUS — não conseguiu encontrá-la no mercado português e teve de recorrer a uma empresa belga para conseguir uma solução que desse resposta ao pedido do Serviço de Saúde Ocupacional.

“Agora [os assistentes] não têm de correr como malucos e quem tem de ser operado não espera tanto”, concluiu, enquanto Carlos Oliveira — que quando a pandemia da covid-19 passar já sabe que não poderá continuar a dizer “não” ao filho que quer conhecer esta nova função do pai e é “louco por computadores” — referiu que “além de excelente, esta máquina tornou o transporte divertido”.

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