Eleições Presidenciais – Artigo de Opinião
As eleições presidenciais do passado dia 24 reelegeram Marcelo Rebelo de Sousa que reuniu 60,7% dos votos, conseguindo, portanto, confirmar a renovação do seu compromisso como mais alto magistrado da Nação para os próximos 5 anos. Pese embora este já ser o cenário mais expectável, não deixa de ser notório que o candidato da direita social tenha alcançado o pleno de vitórias em todos os distritos e a pole position desta eleição em 3083 das 3092 freguesias do nosso país.Todavia a rota dos vencedores da noite eleitoral não se esgota na figura do agora presidente eleito. Tiago Mayan Gonçalves, um total desconhecido cujo objetivo sempre foi de fazer uma oposição moderada à atual liderança de Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de ter tido o segundo pior resultado, voltou a reposicionar o projeto liberal no mapa através da expressividade eleitoral nos concelhos com maior densidade populacional. Em Vila Nova de Gaia, o candidato ficou a escassas duas centésimas percentuais de atingir os 4% de Marisa Matias, ficando inclusive à frente do candidato comunista, João Ferreira. A jovialidade alicerçada à maturidade política de Mayan foram devidamente valorizadas e a longo prazo poderá ser mais um dos quadros a contribuir para este apogeu liberal. Não fosse o eleitorado pouco esparso e o crescimento da Iniciativa Liberal poderia porventura ser com ainda mais significância.Por outro lado, a inoculação de André Ventura, talvez o candidato mais idiossincrático de todos, a par de Vitorino Silva, ao longo destas últimas semanas, acabou por resultar numa dispersão surpresa do seu eleitorado, nomeadamente no distrito do Porto. Assumidamente com o objetivo bem vincado de ficar em segundo lugar nesta corrida eleitoral, foi no Norte que o candidato ficou confinado ao terceiro lugar e viu-se consequentemente obrigado a pôr o seu lugar de presidente do partido à disposição. Há, no entanto, que dar nota relativamente ao segundo lugar que este conquistou em 204 dos 308 concelhos nacionais, na sua maioria no interior, um povo tradicionalmente mais velho com uma capacidade de diagnóstico do paradigma atual mais experiente. Recordo que o Chega, em comparação aos restantes projetos políticos, se encontra ainda numa fase embrionária do seu percurso, tal como a IL, e é de ter em conta a penetração ideológica que já teve num tão curto espaço de tempo na sociedade. Tudo isto reduzirá certamente os destroços de uma derrota perante objetivos bastante ambiciosos.Do lado ideológico mais antagónico ao Chega, Marisa Matias foi provavelmente a maior derrotada da última noite eleitoral. A candidata que em 2016 tinha alcançado um resultado invejável, desta vez caiu com uma perda de 305.124 votos. Certamente alguns destes votantes terão reconduzido o seu sentido de voto para Ana Gomes que ficou em segundo lugar nacional, não cumprindo com o propósito de levar estas eleições a segunda volta, mas conseguindo mais 100 pontos base ao seu adversário direto.Urge ainda uma análise de forma holística à logística dos locais de voto. Foram raros os casos de queixa de medidas de segurança desapropriadas. Numa semana o espectro foi bastante díspar em relação ao sistema de voto antecipado. Pessoalmente estive numa mesa de voto e durante o dia não houve um único momento em que não me sentisse confortável na execução das minhas funções. Cumpriu-se o distanciamento, as filas escoaram com relativa facilidade, em períodos de maior afluência naturalmente os eleitores demoravam um pouco mais no acesso à respetiva secção de voto e os verdadeiros heróis de domingo conseguiram deslocar-se e cumprir o seu dever cívico. Pena esta sensação de segurança não se ter alastrado para a maioria do eleitorado que voltou a compactuar para revigoração da tendência abstencionista.