Milhares de caravanistas de todo o país puseram as suas caravanas e autocaravanas à disposição das autoridades.
“Tinha uma caravana em Cinfães parada. Para quê? Ao menos, agora, está a servir os que mais precisam”, diz Hugo Bastos, proprietário de uma das primeiras caravanas a chegar ao Centro Hospitalar de Gaia/Espinho. Ao todo já são 19 os veículos disponibilizados por caravanistas de todo o país para auxiliar os profissionais de saúde, o que equivale a 76 dormidas. Há oito no Hospital de Gaia, duas no Hospital de Braga e as restantes estão divididas pelos bombeiros de Gaia e Leiria. Há mais 10 a caminho.
A ideia partiu de Pedro Castro, fundador da ISTAS HAL, uma empresa de hotelaria ao ar livre sediada em Vila Nova de Gaia, e coordenador da iniciativa “ISTAR contra a Covid-19”. Nos hospitais e corporações de bombeiros, a ideia de proporcionar locais de descanso aos profissionais no próprio local de trabalho foi bem acolhida e demorou pouco até passar à prática. “Há profissionais de saúde e bombeiros que chegam a trabalhar 80 horas por semana. Depois dos turnos, ainda têm de perder tempo com as deslocações. Se as caravanas estiverem estacionadas logo ali ao lado, podem pernoitar ou fazer pausas de três ou quatro horas sem saírem dos hospitais e quartéis e com muito conforto”, diz Pedro Castro. A iniciativa já conta com o apoio da Galp, da Brisa e da Via Verde, que estão a cobrir os custos das deslocações das caravanas.
O grupo de Facebook onde se organiza a iniciativa conta com mais de 16 mil membros. Pedro Castro assegura que a oferta está longe de esgotar e que as pessoas estão dedicadas. “No início pensámos nos hospitais. Depois, percebemos que os bombeiros também precisavam. Agora, estamos a tentar contactar a Associação Nacional de Municípios Portugueses (AMNP) para ajudar a criar centros de quarentena, principalmente para polícias e bombeiros, que também estão a ser muito afetados.” Esta quarta-feira ficam disponíveis mais 10 caravanas, seis das quais vão ser entregues ao Hospital de Braga.
A caravana de Hugo Bastos chegou ao Hospital repleta de desenhos dos filhos, com mensagens de apoio às equipas médicas. “Assim que meti na cabeça que ia buscar a caravana, disse aos miúdos para escreverem mensagens bonitas. Foi um pormenor que achei que faria a diferença.” O Hospital de Gaia/Espinho já publicou nas redes sociais uma nota de agradecimento em que fala do “descanso digno e merecido que as caravanas vão proporcionar aos profissionais do Serviço de Urgência e Contingências”.
