O concurso para a reabilitação da estufa em ferro fundido localizada no parque da Lavandeira, em Vila Nova de Gaia, será lançado em maio e a intervenção custará meio milhão de euros, indicou o presidente da câmara.
Em causa está uma estufa em ferro fundido, cuja técnica de engenharia é a mesma do antigo Palácio de Cristal, no Porto, que foi demolido.
A estufa pesa 38 toneladas, tem 24 metros de frente, 12 de altura no centro e 12 de fundo.
À margem da inauguração da ampliação do parque urbano da Lavandeira, Eduardo Vítor Rodrigues avançou que o projeto está orçado em 500 mil euros e o objetivo “é colocar ali, num espaço histórico, uma cafetaria, bem como um parque botânico que remeta para aquilo que foi a estufa antigamente”.
O parque da Lavandeira, localizado em Oliveira do Douro, foi ampliado recentemente, passando a ter 110 mil metros quadrados.
A ampliação inaugurada corresponde a cerca de mais um terço face ao que antes existia, e a aquisição dos novos terrenos custou 2,4 milhões de euros.
Eduardo Vítor Rodrigues avançou que as intervenções atuais dizem respeito à área da estufa, lago e árvores centenárias, comentando que existem no espaço “tulipeiros únicos” e “árvores que precisam de cinco pessoas para as abraçarem”.
Salvaguardando que “não quer de todo pressionar ou precipitar” a saída de quem para já ainda habita uma casa senhorial localizada no espaço, o autarca apontou para o local a futura Casa da Cultura.
“Não quero que pareça de forma nenhuma que estamos a pressionar a saída. Isto mais do que uma negociação foi uma partilha. Respeitamos completamente as pessoas”, referiu.
Também à margem da cerimónia na Lavandeira, à qual se seguiu uma outra no parque de S. Paio, em Canidelo, Eduardo Vítor Rodrigues garantiu que “no âmbito do PDM [Plano Diretor Municipal] ficam definidos condicionantes que impedem qualquer tipo de construção” junto a estes espaços verdes, bem como junto do de São Caetano (Vilar do Paraíso), cuja intervenção está em curso.
“Estamos a intervir a dois níveis ao construir os parques e ao fazer um reforço da mancha arbórea. Mas nos instrumentos de zonamento deixámos fechada qualquer veleidade que possa existir de futuro de querer fazer uma frente de construção”, concluiu.
Sobre a estufa da Lavandeira, em setembro de 2018, Eduardo Vítor Rodrigues avançou à agência Lusa que em causa estava uma estrutura do século XIX, “uma das duas estufas de ferro fundido que existem na Península Ibérica”.
“A família [dona da quinta e da estufa] mostrou-se empenhada e a câmara vê esta aquisição como uma mais-valia tanto simbólica, como histórica e por ampliar um espaço que transmite qualidade de vida”, disse então o autarca.
A estrutura foi mandada construída por Silva Monteiro, descrito como um conde que esteve ligado à Associação Comercial do Porto e ao arranque da construção do porto de Leixões, bem como da linha de caminho de ferro Porto/Póvoa de Varzim.
Foi executada pela empresa Fundição de Ouro de Luiz Ferreira Cruz e Irmão e um excerto do jornal O Comércio do Porto, com data de agosto de 1883, descreve que “os rendilhados da cobertura são todos de ferro e de uma leveza tão extraordinária que mais parecem recortes feitos em papel transparente”.
Acrescenta que “o corpo principal é sustentado por quatro arcos, nos quais se observa o mesmo estilo da parte exterior que recorda muito o gótico”.