Portugal perdeu mais de 214 mil residentes nos últimos dez anos, revelam os dados preliminares dos Censos 2021. A população residente em Portugal diminuiu para 10.347.892 pessoas quando, em 2011, ultrapassavam as 10,5 milhões e chegavam aos 10.562.188 portugueses. São menos 214.286 e aproximam a população residente em Portugal à que tinha sido contabilizada em 2001 (10.356.117).
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a única década em que os Censos assinalaram um decréscimo populacional foi entre 1960 e 1970, há meio século. Segundo Francisco Lima, presidente do INE, nem mesmo o saldo migratório positivo bastou para compensar a redução da população portuguesa, que sendo assim reduziu em 2%.
Os dados recolhidos a 19 de abril, relembrando que os Censos decorreram entre dia 5 desse mês e 31 de maio, revelam ainda que os territórios no interior do país perderam população, que se movimentou para o litoral de Portugal, sobretudo para a Área metropolitana de Lisboa. Só mesmo as regiões Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos de Lisboa (1,7%) e o Algarve (3,7%) é que registaram um aumento populacional, tendo havido “clara concentração em torno da capital do país e na região do Algarve”.
O Alentejo foi a região portuguesa onde a população mais residente mais diminuiu, com um decréscimo de 6,9%. Logo abaixo surge a Região Autónoma da Madeira, com menos 6,2%. Nos Açores, só houve um concelho onde a população aumentou ligeiramente: Madalena, na ilha do Pico. Também foi aqui que se registou o maior aumento no número de alojamentos nos últimos 10 anos — mais 13,5% do que em 2011.
Metade da população vive em 31 concelhos, um décimo dos que existem em Portugal
Aliás, entre os 308 municípios portugueses, 257 registaram decréscimos populacionais e apenas 51 registaram um aumento — uma diferença significativa relativamente ao observado em 2011, quando as quebras populacionais se verificaram em apenas 198 municípios. Cerca de 50% da população concentra-se agora em apenas 31 concelhos, um décimo dos que existem em Portugal, e quase todos ficam nas regiões de Lisboa e Porto.
Desses municípios, os dez mais populosos são Lisboa, Sintra, Vila Nova de Gaia, Porto, Cascais, Loures, Braga, Almada, Matosinhos e Oeiras. Destes, o concelho de Braga foi aquele em que se registou a maior variação nos últimos dez anos, com a população a aumentar em 6,5%. O Porto foi o concelho onde ela mais diminuiu, tendo baixado em 2,4%, mas esse decréscimo também aconteceu nos concelhos de Lisboa, Matosinhos e Oeiras.
Apesar de o Alentejo ter sido a região que mais população perdeu, é lá que fica o concelho onde a população mais cresceu: Odemira registou mais 3.457 residentes, um aumento de 13,3% em relação a 2011. Na lista consta também Mafra (12,8%), Palmela, Alcochete e Vila do Bispo, com percentagens entre os 9,6% e os 8,8%.
No extremo oposto, com a maior perda populacional, está precisamente um concelho do Alentejo: Barrancos, com menos 21,8% de população. Entre os concelhos que mais população perderam nos últimos 10 anos estão três municípios do Norte — Mesão Frio (-19,8%), Torre de Moncorvo (-20,4%) e Tabuaço (-20,6%) — e dois do Alentejo: além de Barrancos, também Nisa (-20,1%) consta na lista.