“Cada um vai ter de fazer a sua parte”

Cultura e Desporto foi o tema em destaque em mais uma sessão do «Gaia Somos Todos», realizada a 27 de novembro. “Um domínio que aparece acoplado, não por entendermos tratar-se de dois assuntos mais ou menos iguais, mas porque sabemos que em Gaia muita da dinâmica cultural surge agregada à dinâmica desportiva a partir das nossas coletividades, do nosso movimento associativo. E quando assim não é, a nossa política cultural e nossa política desportiva têm vida própria, mas podem ser discutidas no domínio do imaterial, que é a área a que queremos dar um particular valor”, começou por afirmar o presidente da Câmara Municipal.

Eduardo Vítor Rodrigues lembrou que este é “o momento de ouvir contributos para formatar a nossa ação a partir de um programa de recuperação económica e social” e, focando-se na área da cultura, destacou projetos como o Centro de Congressos, “para dinamizar toda a região”, ou o Museu da Cidade, um espaço polivalente do ponto de vista cultural”. Sublinhou, também, que “cultura e desporto não são apenas temáticas do centro da cidade”, pelo que é crucial a ideia de rede de equipamentos. Disto são exemplos o novo auditório de Lever, a requalificação de auditórios “para eventos que tenham a dignidade que as nossas bandas merecem ou o próprio apoio às nossas bandas para que sejam, por um lado, de referência e, por outro, escolas extraordinárias”. Do ponto de vista desportivo, o autarca defende o mesmo modelo: “O nosso projeto não é ter um pavilhão por freguesia. Ele tenderá a acontecer, mas em alguns casos vamos precisar de mais, porque um só pavilhão pode não ser suficiente para as freguesias mais povoadas”.

Em tempo de pandemia, a Câmara Municipal não suspendeu qualquer dos investimentos projetados ou lançados em equipamentos desportivos e culturais – foi, por exemplo, adjudicada há dias a construção do pavilhão da EB 2,3 Diogo Macedo, enquanto está em curso a obra do Pavilhão de Santa Marinha. Equipamentos que Eduardo Vítor Rodrigues diz só fazerem sentido se forem “escolares durante o dia, e à noite para as coletividades”.

E porque as coletividades estão a viver um tempo difícil, a câmara disponibilizou um duplo plano de apoio municipal – um de 70 mil euros, para financiar adaptações infraestruturais decorrentes da pandemia, e outro de 50 mil euros, para ajudar a equilibrar a gestão corrente, ambos a fundo perdido.

Certo de que coletividades e município têm “aqui um trabalho a fazer”, o autarca deixou uma mensagem “a todos aqueles que têm responsabilidades no mundo do associativismo, como as associações das modalidades”, que sensibilizou para que façam também a sua parte, começando por “abrir um processo de diminuição dos cursos das inscrições das diferentes modalidades ou em múltiplas áreas de dinamização cultural”. “Cada um vai ter de fazer a sua parte, vamos ter de ser todos a resolver os problemas de todos”, concluiu.

Uma das convidadas desta sessão foi Joana Castro, diretora do Kale, que depois de destacar a “imensa riqueza patrimonial, cultural e artística” de Gaia constatou que “a comunidade valoriza esta vertente da vida, que nesta fase de pandemia ganha um papel ainda mais singular no acreditar que o amanhã vai ser melhor”. A responsável destacou o papel do Kale na vida de jovens criadores, intérpretes, encenadores e outros artistas, que ali têm, muitas vezes o seu primeiro palco. “Enquanto cooperativa cultural temos dois grandes eixos: o que pretende fazer criação original para intérpretes, por forma a levar o nome do Kale ao país e ao estrangeiro; e o eixo de apoio à criação e à apresentação artística nas artes performativas no geral”.

Um “trabalho extraordinário” destacado por Eduardo Vítor Rodrigues, que passou então a palavra ao coordenador do grupo desportivo do CIC, “alguém que abraçou um projeto que concilia a competição com a formação desportiva e a formação de jovens e cidadãos”. António Costa defendeu que “este é o momento de as instituições, principalmente a Federação Portuguesa de Andebol e a Associação de Andebol do Porto, saírem do seu conforto e nos ajudarem. Perdemos 70% dos miúdos que faziam parte das nossas equipas e temos de ser apoiados de outra forma, lamentou, salientando que “enquanto coletividade” tem tentado “estar junto deles para que estejam preparados” para o regresso”. “O desporto é um aliado da educação, é importantíssimo que continuem a praticar desporto, porque serão também melhores pessoas e melhores cidadãos”, destacou, concluindo: “Não queremos entrar no mundo da competição, queremos, sim, dotar os nossos jovens de ferramentas para a vida e para o desporto. Aqui estaremos para todos juntos dar a volta à situação”.Já respondendo a diversas questões, o presidente da Câmara defendeu que “não basta pensar nos grandes investimentos, como a extensão da linha de metro ou a segunda linha para Gaia, se depois não formos capazes de dar resposta ao quotidiano das nossas pessoas e das nossas instituições”. Por isso, vai reunir em breve com todas as associações de modalidades, que vai exortar a que “façam também a sua parte, repensando aquilo que cobram às coletividades, sobretudo na área da formação”. “Em Gaia, o nosso ponto de partida é muito simples: estamos todos no mesmo barco. Todos andam para a frente e todos andam juntos pelo bem-estar de todos”, concluiu.

Questionado sobre a reabertura das piscinas, Eduardo Vítor Rodrigues lembrou que são espaços com mais riscos e que este assunto será reavaliado em janeiro; sobre os Jogos Juvenis, disse ter esperança de que “o próximo ano vai ser bem melhor para todos e a iniciativa possa voltar na sua plenitude”.Na área da cultura, lembrou que a opção tem sido utilizar as plataformas digitais com dois objetivos:  oferecer momentos de lazer às pessoas e apoiar os artistas– a autarquia não pode subsidiá-los diretamente, “mas pode comprar os seus serviços e disponibilizá-los à população”. Já para o Natal, “haverá concertos e iniciativas com artistas de Gaia nas nossas escolas, tentando deixar uma marca de esperança num amanhã melhor”.

O projeto «Gaia Somos Todos» distribui-se por um total de oito sessões sobre dez temas, sempre em direto neste site e na página de Facebook da Câmara Municipal de Gaia. “Suprindo o modelo das presidências abertas, acreditamos que este novo modelo nos aproxima das pessoas. Selecionamos oito temas para discutir a cidade. São desafios que queremos resolver, do ponto de vista dos nossos modelos de desenvolvimento e a partir de um envolvimento conseguido através da tecnologia, mas também através das redes tradicionais, uma vez que os cidadãos receberam em casa um folheto com uma explicação das sessões e pedido de contributos”, explicou, na sessão inaugural, Eduardo Vítor Rodrigues. A próxima sessão, dedicada ao tema «Economia, Emprego e Formação», está agendada para quarta-feira, 2 de dezembro, às 17 horas.

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