Esta semana gostaria de partilhar com todos vós, um texto que recebi de um gaiense, a título de desabafo.
Revejo-me totalmente neste texto (que assumo), que espelha bem o que o cidadão comum pensa da atualidade política na nossa terra, e como já não há paciência para tantas desculpas, conversa fiada e pauso no desenvolvimento do nosso concelho. Vamos então ao texto:
“A cidade de Vila Nova de Gaia vive tempos de desilusão.
Apesar de um discurso mediático cuidadosamente construído e de uma presença constante nas redes sociais e alguns jornais, a realidade do concelho não corresponde à propaganda veiculada pelo atual executivo camarário.
A gestão política tem-se revelado superficial, desarticulada e, em muitas áreas, ausente de uma estratégia coerente.
O urbanismo é, talvez, a face mais visível deste desnorte político.
Em nome de uma suposta modernização, têm-se multiplicado empreendimentos sem critério, alimentando um crescimento desordenado e desequilibrado.
A pressão urbanística sobre zonas residenciais e espaços verdes é cada vez mais sufocante, e a ausência de um plano de ordenamento robusto ameaça a identidade e a coesão do território.
Urbanizar não é construir por construir — é planear com visão e respeito pela comunidade. E é precisamente isso que tem faltado.
No campo da mobilidade, os sinais de má gestão são igualmente preocupantes. Gaia continua a padecer de uma rede viária sobrecarregada, sem alternativas viáveis de transporte público para grande parte do concelho.
A integração com a Área Metropolitana do Porto tem sido mal aproveitada, e os investimentos em mobilidade sustentável — como ciclovias funcionais, redes pedonais seguras ou extensão do metro — são escassos ou ineficazes.
Os cidadãos enfrentam diariamente tempos de espera longos, trânsito congestionado e um sistema que não responde às necessidades reais de quem vive, trabalha ou estuda em Gaia.
A habitação é outro tema que expõe o vazio estratégico da atual governação.
A escalada dos preços, a especulação imobiliária e a falta de alternativas acessíveis empurram milhares de famílias para a periferia ou para situações de vulnerabilidade.
A Câmara Municipal parece resignada a este fenómeno, abdicando de liderar uma política ativa de habitação que combine construção pública, reabilitação urbana e estímulo ao arrendamento acessível.
Enquanto se promovem grandes empreendimentos de luxo, ignora-se o drama de quem não consegue pagar uma renda condigna no seu próprio concelho.
Também os serviços públicos municipais mostram sinais de esgotamento.
A resposta social é lenta e muitas vezes ineficaz.
A manutenção dos equipamentos culturais, desportivos e educativos é negligenciada.
A descentralização administrativa, que podia aproximar os serviços dos cidadãos, está longe de ser uma realidade.
A burocracia mantém-se pesada, e a inovação tecnológica nos serviços continua aquém do desejável.
A ausência de uma política de proximidade é visível — e sentida.
Num tempo em que Gaia devia afirmar-se como um concelho moderno, justo e equilibrado, assistimos a uma gestão autárquica voltada para o marketing político e para a sobrevivência eleitoral de um sucessor.
O executivo atual governa através de anúncios, slogans e eventos, enquanto a cidade real se debate com problemas estruturais, cada vez mais evidentes e mais difíceis de ignorar.
É tempo de mudar. É tempo de devolver a Gaia uma liderança com visão de futuro, com coragem para enfrentar os desafios do presente e com respeito por quem cá vive.
Uma liderança que governe com transparência, que promova a participação cidadã e que planeie de forma sustentável.
Gaia não pode continuar a ser adiada por uma gestão que prefere o imediatismo à estratégia, o ruído à escuta, o cosmético ao estrutural.
Gaia merece mais.
Gaia merece uma visão.
Gaia merece planeamento.
Gaia merece uma governação à altura da sua gente.”
Com os melhores cumprimentos,
Pelo Grupo Municipal do CDS-PP de Vila Nova de Gaia
Luís Miguel Nogueira