A noite eleitoral de 18 de maio desenhou um novo quadro político em Portugal. Apesar de
uma campanha breve, ficou evidente que alguns partidos não souberam dar resposta às
reais preocupações da população, distanciando-se da vida concreta dos portugueses.
As lições a retirar deste ato eleitoral são claras — e, simultaneamente, preocupantes para a
saúde da democracia. O crescente descontentamento com as forças políticas tradicionais
levou, mais uma vez, à fragmentação da esquerda e ao reforço dos partidos à direita. Ainda
assim, a dimensão parlamentar do partido vencedor não lhe assegura uma maioria estável,
exigindo, por isso, um sentido acrescido de responsabilidade por parte das forças da
oposição. Cabe-lhes, de forma democrática e consciente, gerir este novo cenário político.
Neste contexto, é essencial garantir uma solução governativa estável, com um projeto claro
para reformar o país e enfrentar os desafios que os extremos — à direita e à esquerda —
têm vindo a colocar num mundo cada vez mais incerto, complexo e globalizado.
Portugal não pode ser arrastado para mais um ciclo de jogos políticos ou disputas de poder
estéreis. O momento exige maturidade, colaboração e respeito pelas regras do jogo
democrático. Quem foi democraticamente eleito deve ter condições para governar. O
respeito pelos resultados eleitorais deve traduzir-se numa convergência mínima de esforços
para garantir governabilidade e estabilidade, sem bloqueios partidários ou agendas
paralelas.
Por fim, todas as forças políticas que conquistaram representação nestas eleições devem
demonstrar sentido de Estado. É imperativo que apresentem respostas concretas e
integradas para os desafios sociais, económicos e políticos do país. Mais do que nunca,
Portugal precisa de estabilidade — não apenas institucional, mas sobretudo de rumo.

Bruno Almeida Doutorando em Estudos Globais