Terça-feira, Dezembro 3, 2024

Jornal / TV Terras de Gaia

InícioOpiniãoDiabetes e Doenças Hepáticas: uma relação bidirecional e complexa

Diabetes e Doenças Hepáticas: uma relação bidirecional e complexa

Dia Mundial da Diabetes assinala-se a 14 de novembro

A diabetes mellitus afeta 422 milhões de pessoas em todo o mundo e provoca 1,5 milhões de
mortes anuais, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em Portugal, a
situação é igualmente preocupante, com cerca de um milhão de pessoas a viver com esta
condição, tendo este número vindo a aumentar significativamente nas últimas décadas.
Aponta-se que entre 65% e 70% das pessoas com diabetes podem também sofrer de
problemas no fígado.
A diabetes caracteriza-se pelo aumento dos níveis de glicose no sangue e a sua relação com
as doenças hepáticas revela uma ligação complexa que merece especial atenção. Existem
vários tipos de diabetes, sendo os mais comuns a diabetes tipo 1 e a diabetes tipo 2, existindo
também a diabetes gestacional e outros tipos menos comuns. A diabetes tipo 1 é uma doença
autoimune que destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. A diabetes tipo 2, por sua
vez, está fortemente ligada a comportamentos e a dietas não saudáveis, e a diabetes
gestacional ocorre durante a gravidez, normalmente resolvendo-se após o parto.
A relação entre estas duas condições pode manifestar-se em ambos os sentidos. Primeiro, a
diabetes pode surgir como uma complicação da cirrose hepática, pois a insuficiência hepática
pode alterar o metabolismo da glicose (açúcares) e provocar diabetes. A diabetes pode
dificultar o tratamento de infeções e aumentar a morbimortalidade em doentes com cirrose.
Além disso, a diabetes pode exacerbar a gravidade de doenças hepáticas como a doença
hepática alcoólica e o cancro hepático.
Por outro lado, a diabetes tipo 2 é por si só um fator de risco significativo para o
desenvolvimento de doença hepática. Os diabéticos tipo 2 frequentemente enfrentam
problemas como obesidade, hipertensão e níveis elevados de gorduras no sangue. A
resistência à insulina, uma característica da diabetes tipo 2, resulta na libertação de ácidos
gordos que se acumulam nas células do fígado, levando à esteatose hepática, também
conhecida como fígado gordo. Esta condição pode provocar inflamação crónica e evoluir para
formas mais graves de doença hepática, incluindo cirrose e cancro do fígado.
O tratamento eficaz da diabetes em conjunto com as doenças hepáticas requer uma
abordagem multidisciplinar que envolva especialistas em ambas as áreas. No entanto, a
prevenção continua a ser a melhor estratégia, com a adoção de uma dieta saudável e a prática
regular de exercício físico a desempenharem papéis cruciais na prevenção dessas condições
interligadas.

No âmbito do Dia Mundial da Diabetes, assinalado a 14 de novembro, deixamos o lembrete
para que reconheça a importância de uma abordagem integrada para o tratamento da diabetes
e das doenças hepáticas, contribuindo para manter o equilíbrio e a saúde a longo prazo. A
adoção de uma dieta equilibrada, a prática regular de exercício físico e a realização de
consultas médicas periódicas são fundamentais para prevenir e gerir ambos os problemas.

 

Artigo de Opinião de Arsénio Santos, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF)

Redação Terras de Gaia
Redação Terras de Gaiahttps://terrasdegaia.pt
O Terras de Gaia está ao serviço do concelho de Gaia, apostando em reforçar a identidade histórico-cultural do espaço geográfico onde está implantada e atua., comprometendo-se a informar com rigor e verdade.
- Advertisment -

MAIS POPULAR

ARTIGOS RELACIONADOS