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Artigo de Opinião – Doenças Neuromusculares e células estaminais do cordão umbilical

Andreia Gomes – Diretora Técnica e de Investigação e Desenvolvimento e Inovação da
BebéVida

 

As doenças neuromusculares representam um universo alargado de condições que envolvem,
entre outros, a disfunção de nervos periféricos (neuropatias), músculos (miopatias) ou a
comunicação entre eles. Esta doenças, geralmente, resultam em fraqueza muscular, atrofia
muscular e perturbação da sensação (como dormência e formigueiro). Estas alterações podem
levar ao aparecimento de doenças específicas como: doenças do neurónio motor, doenças
inflamatórias do músculo, ataxias, neuropatias sensitivo-motoras, neuropatias periféricas,
miopatias, etc.
Todas estas doenças partilham a falta de força muscular, levando a que os doentes necessitem
de apoios como por exemplo: cadeiras de rodas elétricas ou andarilhos para a sua locomoção,
computadores para a escrita, apoios de cabeça, ajudas várias para a manipulação, veículos de
transporte adaptados.
As doenças neuromusculares são doenças genéticas, hereditárias e progressivas e ainda não
têm cura. No entanto, toda a terapêutica multidisciplinar como especialistas das funções
respiratórias, neurologistas, fisiatras, ortopedistas, psicólogos, vão trabalhando em conjunto
de forma a conseguirem diminuir os sintomas, a atrasar a progressão da doença e tentando
dar a maior qualidade de vida possível a estes doentes.
Segundo a Associação Portuguesa de Neuromusculares, estima-se que em Portugal, existam
mais de 5 mil doentes afetados, estando distribuídos pelas diferentes patologias. Estas
doenças afetam a capacidade motora dos doentes o que faz com que percam a sua autonomia
e fiquem totalmente dependentes de terceiros para o seu dia a dia.
A Distrofia de Duchenne, uma das doenças degenerativas musculares, apresenta já
tratamentos que conseguem aumentar a qualidade de vida e o tempo de sobrevida, no
entanto, esta doença ainda não tem cura. É uma patologia caracterizada por uma alteração
degenerativa progressiva e irreversível no tecido muscular. Segundo a Sociedade Portuguesa
de Neuropediatria, a Distrofia de Duchenne afeta cerca de 1 em cada 3.800 a 6.300 recém-
nascidos do sexo masculino.
À semelhança de outras doenças que ainda não têm cura, a procura por tratamentos eficazes é
continua. E este foi o objetivo de um ensaio clínico desenvolvido na India que avaliou o efeito

da infusão de células estaminais de cordão umbilical em rapazes dos 5 aos 18 anos
diagnosticados com Distrofia de Duchenne. Após 1 ano da infusão das células estaminais de
tecido do cordão umbilical, a estabilidade na função muscular foi atingida nos músculos
flexores e extensores da anca, abdutores do anca e músculos paraespinhais (músculos que
conferem a estabilização da coluna), ao contrário do que grupo controlo (sem infusão de
células estaminais). Os autores concluíram que a administração de células estaminais
mesenquimais do cordão umbilical não apenas resultarem na estabilização muscular, mas
também foi totalmente segura uma vez que não houve reações adversas nos doentes e,
portanto, esta pode ser considerada uma opção segura para o tratamento da Distrofia de
Duchenne.
O cordão umbilical é uma fonte rica de células estaminais de origem hematopoiética e não
hematopoiético (células mesenquimais). A utilização terapêutica dessas células é amplamente
realizada tanto em crianças como em adultos para o tratamento de várias doenças
hematológicas e não hematológicas. Atualmente já foram realizados mais de 40.000
transplantes de cordão umbilical com resultados positivos. Assim, ao guardarmos o cordão
umbilical em detrimento de o descartar, estamos a guardar uma potencial hipótese de
tratamento ou de ajuda no combate a doenças.
No entanto, ainda são necessários mais estudos e ensaios que nos permitam aumentar o nível
de compreensão dos mecanismos moleculares característicos destas células estaminais no
combate às diferentes patologias, para que nos ajudar a desenvolver novos métodos mais
direcionados e eficazes no combate a estas doenças.

Redação Terras de Gaia
Redação Terras de Gaiahttps://terrasdegaia.pt
O Terras de Gaia está ao serviço do concelho de Gaia, apostando em reforçar a identidade histórico-cultural do espaço geográfico onde está implantada e atua., comprometendo-se a informar com rigor e verdade.
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