Muitas das vezes procuramos o psicólogo com objetivos gerais de diminuirmos a nossa ansiedade ou nos sentirmos menos deprimidos.

Estes grandes objetivos, confusos, difíceis de medir, inespecíficos, apenas servem para nos culparmos, prejudicam a nossa organização, pondo em causa a auto-estima e a nossa confiança. Na maior parte das vezes são tão bloqueantes quanto destrutivos.

É importante dividir estes objetivos emocionais gerais, em metas mais pequenas, específicas e mensuráveis. Desse modo, será mais fácil estabelecer uma base de arranque e perceber a sua evolução passo a passo.

Compreender as dificuldades que vão surgindo, não apenas no todo geral, nem em si e na sua culpabilização, mas naquela meta objetiva a que se propôs alcançar.

Será mais fácil ir percebendo também os seus sucessos. Ir reforçando a sua confiança e auto-estima a cada tarefa concluída, conseguindo melhor foco, vontade e motivação para os próximos objetivos.

Abaixo, um pequeno excerto de uma sessão fictícia, com uma cliente inventada para o efeito. Uma pequena demonstração da redução de um grande objetivo geral para pequenas, mas importantes, tarefas objetivas e construtivas.

Psicólogo: “Anita”, quando diz que gostava de ser uma melhor mãe, o que é que quer dizer com isso?

Anita: Não sei… Só acho que o que eu faço não chega…

P: Consegue-me dizer uma ou duas coisas que faria de modo diferente se fosse uma mãe melhor?

A: Ter uma família e um lar mais feliz por exemplo!

P: Se uma amiga sua lhe dissesse que queria ter um lar mais feliz o que é que lhe sugeria?

A: Que gritasse menos. E que fizesse mais coisas com os filhos. Que tivesse a casa mais organizada por exemplo.

P: Mais alguma coisa que se lembre?

A: Se EU fizesse alguma dessas coisas, era um milagre!

P: Muito bem… Então vamos fazer uma lista: “Gritar menos”, “Fazer mais coisas com os miúdos”, “Ter a casa mais organizada”. Agora escolha uma destas coisas na lista e vamos tentar ser mais específicos.

A: Não sei qual escolher…

P: Escolha uma que lhe pareça mais importante. Se todas são importantes então escolha a que mais gosta.

A: Ter as coisas mais organizadas!

P: O que é que a Anita precisa para ter as coisas mais organizadas em casa?

A: Não sei! Esse é o meu problema!

P: O que é que em sua casa lhe dá a entender que não é organizada?

A: Atraso-me sempre quando vou buscar os miúdos, a casa está uma confusão, pago as contas fora do prazo mesmo tendo o dinheiro, tenho sempre louça suja na banca… É para continuar??

P: Acho que já consegui perceber… Pense em uma ou duas coisas que se pudesse mudar nas próximas semanas, já podíamos valorizar como progresso.

A: Acho que se a casa estivesse mais arrumada. E se eu estivesse à porta da escola quando os miúdos saíssem…

P: Boa. Então vamos colocar esses mini-objetivos aqui por baixo do objetivo maior “Ter as coisas mais organizadas”…

Jorge Ascenção – Psicólogo Clínico