Jaime Isidoro e Vila Nova de Gaia: 50 anos depois dos I Encontros Internacionais de Arte” é uma mostra que visa dar a conhecer, através de documentação de tipologia diversa e das obras de arte que eternizam os criadores e os lugares, a relação de Jaime Isidoro (Portugal, 1924-2009), importante dinamizador, colecionador e artista da história contemporânea portuguesa, com Vila Nova de Gaia, consubstanciada na atividade que desenvolveu, a partir de 1964, na “Casa da Carruagem”, propriedade que adquiriu em 1962, na praia de Valadares, uma espécie de sucursal da Galeria Alvarez, que havia fundado, no Porto, em 1954.
Esta exposição conta com a curadoria de Daniel Isidoro e Helena Mendes Pereira.
A Galeria Alvarez é a mais antiga do país, ainda em funcionamento e cedo se tornou no epicentro de importantes acontecimentos artísticos. Com a expansão da sua atividade para Vila Nova de Gaia, surgem o que hoje, provavelmente, denominaríamos de “residências artísticas”.
No Verão de 1974, à boleia dos primeiros ventos da Liberdade, será em Valadares que se realizarão os I Encontros Internacionais de Arte de 1974, há, precisamente, 50 anos, respondendo a uma necessidade de se pensarem novas tendências e vanguardas artísticas de que o país estava distante, na consequência do seu quase meio século de clausura e servidão. Os Encontros Internacionais de Arte – que passaram depois por Viana do Castelo, Póvoa do Varzim e pelas Caldas da Rainha – culminam em Vila Nova de Cerveira, dando origem à Bienal Internacional de Arte de Cerveira.
A construção desta história faz-se de muitas estórias contidas no precioso arquivo e na coleção da Galeria Alvarez, que desbravámos, procurando selecionar material gráfico, fotografias, vídeos, recortes de jornais e obras de arte que fornecessem uma visão global do que foi a atividade na “Casa da Carruagem”, muito marcada pelos encontros entre artistas, críticos, poetas e outros homens de letras que ousaram discutir as vanguardas, experimentar processos, permitindo-se à relação com o mar e a envolvente e, sobretudo, sendo favorecidos pelas condições que Jaime Isidoro proporcionava aos artistas e pelo seu interesse genuíno pela novidade, por tudo aquilo que ainda não foi (não tinha sido) feito.
Este projeto, além de reforçar a figura de Jaime Isidoro como central na História da Arte portuguesa, também reposiciona o Norte do país como epicentro da introdução e difusão das vanguardas artísticas da segunda metade do século XX, obrigando-nos a uma visão menos centralista dos factos e, por isso, mais justa para a construção do presente e do futuro.
Helena Mendes Pereira