No decorrer dos últimos acontecimentos internacionais, registramos várias mudanças políticas ao longo do tempo, desde as eleições disputadas nos Estados Unidos da América até às eleições na Alemanha. Entre cenários de polarização de ideias e posições, até cenários complexos para a democracia, assistimos sempre a grandes mutações sociopolíticas resultantes das escolhas do eleitorado.
Atualmente, fruto de problemas que vão além da divergência política, observamos a queda do XXIV governo com o chumbo da moção de censura por parte da oposição. Em seguida, o Presidente da República dissolveu a Assembleia e convocou eleições para o dia 18 de maio, após auscultar os partidos e o Conselho de Estado sobre a crise política do país. Todavia, diante das incertezas geradas pelas sondagens, o país parece ainda mais dividido, com a percepção de que as eleições não seriam necessárias caso houvesse uma maior maturidade democrática por parte dos agentes políticos envolvidos neste cenário.
Nesse sentido, muitas questões foram levantadas pelos cidadãos e pelos meios de comunicação, que destacam alguns pontos fundamentais para que o desfecho fosse outro: a necessidade de um diálogo mais assertivo e transparente entre as esferas políticas, um esforço mais ético para valorizar as instituições democráticas e uma maior responsabilidade por parte dos agentes políticos na gestão da crise. O cidadão, no seu dia a dia, não precisa de mais inquietações ou da falta de respostas para problemas socioeconômicos, mas sim de um diálogo construtivo que fortaleça as estruturas democráticas e agregue propostas de valor por parte dos partidos e decisores políticos.
A percentagem de votos nas últimas eleições subiu significativamente, indicando um maior envolvimento da população, impulsionado pelos desafios vividos em crises passadas. No entanto, diante da atual conjuntura, é possível que as próximas eleições resultem em mais dúvidas e incertezas tanto para o eleitorado quanto para aqueles que necessitam de estabilidade política. As decisões devem ser ponderadas no âmbito do sistema democrático, pois gerir o processo político exige compromisso com o bem público. Um bom governo deve ter consciência das consequências de suas ações, mas, sobretudo, da responsabilidade para com os cidadãos. Como bem afirmou Abraham Lincoln: “Governo do povo, pelo povo e para o povo”.
A razão nem sempre está alinhada com a governança, mas o bom senso e a reflexão sobre como superar os problemas estão diretamente ligados à maturidade e ao senso de responsabilidade. O governo deve cumprir suas funções, os partidos devem dialogar para administrar suas divergências em prol de uma boa governança e o bem público deve ser assegurado, levando em consideração os contextos e as divergências em debate. Além disso, é fundamental reconhecer a realidade social de cada cidadão que depende de um Estado democrático com instituições sólidas e saudáveis.
Bruno Almeida
Relações Internacionais
Doutorando em Estudos Globais